23 de abr. de 2021

Resenha - Poderosa Liberdade (Livro II da Série Poderoso Destino)


Livro: Poderosa Liberdade (Livro II da Série Poderoso Destino) || Autora: J. Marquesi || Páginas: 447 || Editora: Astral Cultural


Marieta era uma mulher que foi escravizada.

Era filha de uma escrava desconhecida com um homem branco, e fora tirada de sua mãe ainda bebê.

Cresceu nas terras do barão do café e por uma artimanha do destino passou a ter aulas ainda criança para fazer companhia a sinhazinha Helena Augusta, com quem criou laços de amizade. Ali, Mari descobriu que queria voar. Entre as páginas dos livros e histórias contadas pela professora, ela soube que queria ser livre e conhecer o mundo, mas em sua condição de escravizada ela não tinha escolhas.


Marieta conheceu Joaquim de Ávila em uma festa que enaltecia a cultura e os valores do povo negro ali escravizado, e logo ambos sentiram algo inexplicável, a sinergia, uma forte atração os arrebatou.

Entre as cachoeiras, estrelas e o brilho do luar, eles juraram amor, e numa cama de “dentes-de-leão” se entregaram à ele.

Joaquim partiu para Portugal e prometeu buscá-la...

Joaquim não cumpriu sua promessa.


Anos se passaram, Marieta agora era uma mulher livre.

Sua amiga, a agora condessa de Hawkstone, lhe deu sua liberdade e lhe ofereceu uma nova oportunidade de recomeçar sua vida.

Londres era um lugar inimaginável para ela e ainda assim, com sua coragem e vontade de conhecer o mundo, ela partiu em busca de um novo caminho…

Porém ela não esperava se encontrar com o homem que há anos lhe partiu o coração, e que ainda mexia com seu corpo, mente e alma.


Joaquim de Ávila, o capitão português cheio de segredos, não imaginava que reencontraria Mari novamente, mas o destino resolveu lhes dar uma segunda chance.


Teria o português condições de reconquistar seu grande amor e provar que a amaria independente de qualquer coisa, acima de qualquer um?


Uma mulher negra e um homem branco precisam lutar contra todos os preconceitos de uma sociedade, e contra seus próprios medos e traumas de um passado doído.


Nossa, nem sei por onde começar... 

Ju nos trouxe muito mais que uma história de amor, de luta e liberdade por seus direitos, é uma história que fala sobre ser quem você é e ser respeitada. 

Ela nos conta sobre nosso passado sombrio que maculava os direitos de homens e mulheres que foram escravizados pelo desejo de poder e uma falsa ilusão de superioridade. Eu senti vergonha, senti asco e me senti impotente em ver que mesmo com muitos apoiadores, demorou muito tempo para os negros serem libertos.

Mas a história infelizmente não para por aí, até hoje vemos a descendência dos homens e mulheres que foram escravizados viverem ainda sobre os resquícios dessa segregação. Eles vivem com medo... 


Marieta cresceu ouvindo que não era bonita, que seu cabelo era feio, todos os tipos de animosidade ou humilhação e isso minou sua confiança em si mesma, porém ainda assim ela tinha orgulho de ser quem era, de adorar seus orixás e usar seus turbantes para mostrar a essa sociedade cheia de moralidade deturpada que eles poderiam lhe olhar de canto, mas ela seguiria em frente e de cabeça erguida sendo quem era e orgulhosa de suas raízes. 

Fiquei imensamente feliz de ver que Ju teve uma mulher preta acompanhando todo o processo de escrita e que ela se sentiu representada na vivacidade, força, coragem e determinação de Marieta. 


Esse livro com certeza representa as milhares de Marietas, Andreas, Patrícias, Brunas e Alines que existem no Brasil e no mundo, que sejam apenas uma coisa: serem livres para ser.


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